Completando 20 anos, o Bolsa Família chega a 2023 fortalecido e sendo um símbolo de eficácia em termos de programa de repasse de renda à população carente. Tanto que foi case de sucesso mundo afora por muito tempo. Fora das questões político-partidárias que sempre permearam o tema, é inegável o papel que a iniciativa teve, e segue tendo, ao ajudar famílias a saírem minimamente de uma miséria. Embora não resolva a situação, é um fôlego para lidar com a fome e com a busca de um pouco de dignidade. Muitos dos beneficiários iniciais conseguiram, a partir dali, dar uma guinada na vida e seguir outros caminhos.

Sempre criticado por ser visto como "Bolsa Miséria" ou compra de votos, mesmo quando opositores do governo Lula, presidente que lançou a ideia em seu primeiro governo, assumiram a gestão federal, a relevância desse tipo de auxílio ficou clara. Transcende governos, ideologias e se tornou uma maneira de lidar com a gritante desigualdade social brasileira, presente desde que Cabral desembarcou por aqui. Na pandemia, momentaneamente renomeado de Auxílio Brasil, o programa foi o que manteve muita gente com comida na mesa e até em casa diminuindo a circulação do vírus.

A matéria da página 3 de hoje, assinada por Cíntia Piegas e Italo Santos, expõe a importância de projetos governamentais para transferência de renda. As histórias contadas por ela, bem como os dados levantados, levam ao diagnóstico natural de sucesso do Bolsa Família. Ao longo do tempo, ele passou por necessárias atualizações, e isso deve ser sempre mantido para evitar a desvalorização da iniciativa. Critérios devem ser estabelecidos de maneira clara também, como acontece com contrapartidas que fazem o programa ser também um estimulador da vacinação e da permanência escolar.

Essa semana ainda o Diário Popular trouxe dados mostrando que dezenas de milhares de pelotenses vivem abaixo da linha da miséria. O cenário se repete quase que por padrão, um pouco maior ou menor, em todo o restante do Brasil. Aprimorar e pensar em expandir esse tipo de ideia talvez seja um caminho para seguirmos caminhando para fora da crise econômica, que se torna quase humanitária em diversos pontos do País.